Leilão de direitos: veja como funciona e quando vale a pena participar
- O Imobiliarista
- 14 de jun
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Ao se deparar com um edital que menciona um “leilão de direitos”, é fundamental compreender que não se trata da venda direta da propriedade do imóvel, mas sim dos direitos que alguém possui sobre ele. Isso geralmente acontece quando o atual titular desses direitos ainda não concluiu todos os trâmites legais necessários para ser reconhecido oficialmente como proprietário do imóvel.
É possível penhorar direitos sobre um bem?
Sim. Direitos vinculados a um bem podem ser penhorados e levados a leilão, especialmente quando a pessoa que os detém possui dívidas que precisam ser quitadas. Nesse cenário, quem arremata o lote passa a assumir esses direitos como forma de pagamento da dívida, com a possibilidade de futuramente transformar esses direitos na propriedade efetiva do imóvel, desde que cumpra os procedimentos legais exigidos.
Tipos mais comuns de direitos levados a leilão
Alienação fiduciária
Esse é um dos casos mais frequentes. Ocorre quando um imóvel está vinculado como garantia em um contrato de financiamento. Quem arremata assume não só os direitos sobre o imóvel, mas também as obrigações pendentes, como o pagamento do saldo devedor junto à instituição financeira.
Exemplo: Carlos comprou um apartamento por meio de financiamento. Enquanto não quitar todas as parcelas, o imóvel permanece como garantia do banco. Caso Carlos acumule dívidas, os credores podem penhorar os direitos que ele possui sobre o apartamento. No leilão, o arrematante adquire esses direitos e, consequentemente, também assume o compromisso de continuar pagando o financiamento.
Contrato de compra e venda não registrado
Neste caso, os direitos são provenientes de um contrato particular de compra e venda que não foi registrado no cartório de imóveis. Assim, quem arremata assume o compromisso de regularizar a situação para, então, se tornar proprietário pleno do imóvel.
Exemplo: Ana vendeu um terreno para João, mas a transação nunca foi registrada oficialmente. Caso João tenha dívidas e seus credores penhorem os direitos dele sobre o terreno, esses direitos poderão ir a leilão. Quem arrematar não compra imediatamente a propriedade, mas sim a posição contratual de João. Para se tornar dono do imóvel, o arrematante precisará regularizar o registro no cartório e cumprir eventuais obrigações pendentes.
Direitos hereditários
Refere-se aos direitos que um herdeiro tem sobre um bem que faz parte de um inventário ainda não finalizado. A venda desses direitos pode ocorrer antes da conclusão da partilha formal dos bens.
Exemplo: Roberto faleceu, deixando um imóvel para seu filho único, mas o inventário ainda não foi finalizado. Caso esse herdeiro tenha dívidas, seus credores podem penhorar os direitos dele sobre esse imóvel e levá-los a leilão. Quem arremata passa a ter os direitos do herdeiro e, posteriormente, precisará conduzir os trâmites legais para concluir a partilha e registrar o imóvel em seu nome.
Pontos de atenção antes de arrematar direitos
Participar de um leilão de direitos pode ser uma excelente oportunidade, mas é essencial compreender os desafios envolvidos. Veja alguns cuidados que devem ser tomados:
Regularização do imóvel
Após adquirir os direitos, é comum que o arrematante precise tomar providências para efetivar a transferência da propriedade. Esse processo pode envolver o pagamento de impostos como o ITBI, lavratura de uma nova escritura, registro no cartório e, eventualmente, a quitação de débitos existentes, seja de financiamento, seja de contratos de compra e venda não cumpridos.
Assessoria jurídica especializada
Dada a complexidade desse tipo de operação, é altamente recomendável contar com a consultoria de um advogado especializado em direito imobiliário. Esse profissional será capaz de analisar os documentos, avaliar riscos, esclarecer obrigações e garantir que a transação ocorra de maneira segura e sem surpresas.
Conclusão
Arrematar direitos em leilões de imóveis pode ser uma estratégia vantajosa e, muitas vezes, mais acessível do que adquirir a propriedade direta. No entanto, é fundamental entender as particularidades desse tipo de aquisição, os tipos de direitos envolvidos e, principalmente, contar com o suporte jurídico adequado. Assim, é possível transformar esses direitos em propriedade plena, minimizando riscos e maximizando os benefícios da arrematação.
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